quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Pesquisa revela oposição de jornais e revistas contra agenda da população negra

Em artigo na Carta Maior, Venício Lima apresenta resultados de uma pesquisa realizada pelo Observatório Brasileiro de Mídia que revela o posicionamento contrário de grandes revistas e jornais brasileiros em relação aos principais pontos da agenda de interesse da população afrodescendente (ações afirmativas, cotas, Estatuto da Igualdade Racial e demarcação de terras quilombolas). A pesquisa analisou 972 matérias publicadas nos jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo, e 121 nas revistas semanais Veja, Época e Isto É – 1093 matérias, no total – ao longo de oito anos.

No período compreendido entre 1º de janeiro de 2001 a 31 de dezembro de 2008, foi acompanhada a agenda da promoção da igualdade racial e das políticas de ações afirmativas em torno dos seguintes temas: cotas nas universidades, quilombolas, ação afirmativa, estatuto da igualdade racial, diversidade racial e religiões de matriz africana.

Com graus diferentes, os jornais observados se posicionaram contrariamente aos principais pontos da agenda de interesse da população afrodescendente. A argumentação central dos editoriais é de que esses instrumentos de reparação promovem racismo. Em relação à demarcação das terras quilombolas, os textos opinativos criticaram o Decreto n.º 4.887/2003 que regulamenta a demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos. O argumento principal foi o de que o critério da autodeclaração é falho e traz insegurança à propriedade privada.

A cobertura oferecida pelo jornal O Globo merece uma atenção especial no artigo:

O jornal dedicou 38 editoriais sobre os vários temas pesquisados, destes 25 ou 65,8% trataram especificamente de “cotas nas universidades”. Os três jornais publicaram 32 editoriais sobre o mesmo assunto. O Globo foi, portanto, responsável por 78% deles. Ainda que os principais argumentos contrários – as cotas e ações afirmativas iriam promover racismo (32%) ou os alunos cotistas iriam baixar o nível dos cursos (16%) – não tenham se confirmado nas instituições que implementaram as cotas, a posição editorial de O Globo não se alterou nos 8 anos pesquisados.

A pesquisa aponta ainda que, embora a maioria dos estudos e pesquisas realizadas por instituições como IBGE, IPEA, SEADE, OIT, UNESCO, ONU, UFRJ, IBOPE e DATAFOLHA, no período analisado, confirmem o acerto das políticas de ação afirmativa, apenas 5,8% dos textos publicados nos jornais noticiaram e debateram os dados revelados.

2 comentários:

Anônimo disse...

O anônimo da letra grande é tão mala que até como anônimo a gente sabe quem é! Só não postou hoje a tarde porque tava ocupado tentando fazer mais maldades, eheheh...Anônimo da letra grande, faz o seguinte, tenta te construir como referencia sindical.Da próxima, quem sabe, tu emplaca. Pois é, que pena, desta vez não deu... Pois é, mais fácil acreditar que a culpa é dela, sempre dela...E não é da maldita da cachaça!É dela, aquela com quem tu conversa todos os dias mas não escutas resposta.

Anônimo disse...

Estou gostando do blog.Todos os dias tem atualização da página com diferentes temas. Peço apenas que, ao enviar e-mails,o façam com cópia oculta.Notei que recebi dois e-mails e a lista estava divulgada para todos.Assim, para a nossa segurança, peço, por favor que utilizam essa opção. De resto,parabéns a toda direção.É o trabalho conjunto de todos que faz com que as coisas andem. Notei que esta semana colocaram textos sobre a questão da Consciência Negra. Posso sugerir que coloquem alguma coisa sobre a desvinculação do CAVG da UFPel? E, aos insatisfeitos de plantão, é como disse um anônimo por aí, façam a construção para se tornarem lideranças tbém. E isso se faz com diálogo e transparência.Um abraço a todos.