Por Ary Brasil Marques
Leandra Sabino estava feliz. Ela ganhara de seu marido um computador só para ela. Agora poderia navegar pelo mundo todo pela Internet e se comunicar com suas amigas. Leandra se sentia inferiorizada em relação a todas as suas amigas, pois todas elas tinham computador e a olhavam com ar de superioridade quando Leandra mostrava ignorância sobre o assunto.
Seu marido era médico e tinha seu computador no seu consultório.
Finalmente, depois de pedir várias vezes esse presente que tanto almejava, o novo equipamento chegou.
Leandra já sabia lidar com o micro porque, antes de se casar, havia trabalhado no setor de informática de uma grande empresa.
Eufórica, passou a dedicar a maior parte de seu tempo ao novo hobby. Cadastrou-se no MSN, instalou o Skype e entrou de cabeça no Orkut, onde passou a fazer parte de várias comunidades, acompanhando suas amigas que lhe davam dicas sobre o assunto.
Leandra tinha empregada e também uma babá que cuidava de seus dois filhos menores. Passou a viver muito mais para o computador que para sua casa e para seu marido. Marido? O marido ficava a maior parte do tempo fora de casa, alegando sempre motivos profissionais. Médico vive 100% para seus clientes e não tem tempo para si mesmo, dizia ele.
Leandra se interessou por um chat e ficava horas teclando com amigos novos, virtuais.
Certo dia, conheceu pelo computador uma pessoa muito gentil. O novo amigo, atencioso, conversava com ela diariamente. Ele usava um pseudônimo, mas dizia ser solteiro, e a conversa foi ficando cada dia mais ousada.
Leandra comparava a atenção que recebia do amigo internauta com a pouca atenção de seu marido.
Ela também usava no computador um nome fictício, pois tinha medo de se identificar.
Papo vai, papo vem, e o relacionamento dos dois amigos virtuais foi ficando cada vez mais quente. Chegou a um ponto que os dois resolveram marcar um encontro para se conhecerem pessoalmente.
Combinaram se encontrar em uma livraria do Shopping. Cada um deu ao outro a indicação da roupa que usariam nesse encontro. Ele iria de terno marrom com um lenço branco no bolsinho do paletó, e ela iria com um tailleur azul e uma flor em sua blusa. O encontro era para ser às 14 horas, no local combinado.
Leandra se perfumou, cuidou de seus cabelos e de suas unhas, e saiu de casa toda produzida, com o coração aos saltos.
Chegou ao Shopping. Foi até a livraria e procurou pelo “namorado virtual”.
Recuou surpresa, absorta, aniquilada e muda. O parceiro tão aguardado era o seu próprio marido. Uma traição. Traição virtual. Traição da esposa e do marido, ambos com seu próprio cônjuge.
Coisas de informática.
Postagem retirada do blog teardesentidos
Blog da Associação dos Servidores da Universidade Federal de Pelotas, criado pela Coordenação de Divulgação e Imprensa, com o objetivo de interagir diretamente com o associado e a comunidade em geral, debatendo assuntos não só de interesse da categoria, mas de toda sociedade, de forma crítica e participativa.
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