Adorei essa forma de explicar a crise americana de forma didática. Não sei quem é o autor. Tudo começa no "Buteco do Biu". É assim: O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça "na caderneta" aos seus leais fregueses, todos bebuns e quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito e o aumento da margem para compensar o risco). O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia. Uns zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, PQP, TDA, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer. Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu ). Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países. Até que alguém descobre que os bêubo da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência.
*Esta croônica, de autoria de Sérgio Pamplona, foi enviada pela servidora Vera Lopes, da Rádio federal FM.
Um comentário:
Só podia ser coisa da Vera mesmo! Muito bom. Mas acho que a gente vai ter que mandar esta crônica pros amiguinhos do Jornal da Globo. Especialmente para o "ilustre" cineasta Jabor. O amigo, que brincou com nossa paciência enquanto exercitava seus supostos dons para a sétima arte, acredita agora que é comentarista econômico. Ainda bem que somente os insones precisam aguentar!
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