Sobre a eleição dos representantes técnico-administrativos no CONSUN

“A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas; nas ruas de subúrbio, nas casas de jogo, nos prostíbulos, nos colégios, nas ruínas, nos namoros de esquina. Disso quis eu fazer a minha poesia, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não têm voz.” (Ferreira Gullar)


A vitória obtida pela ASUFPel para a eleição no Conselho da Universitário não nos surpreendeu. Sempre estivemos cientes da vontade de nossa categoria. Conhecemo-nos na palma da mão. Essa relação não se construiu só nas assembléias, ou da época em que alguns de nós estivemos na direção do sindicato. É fruto de um trabalho desenvolvido no dia-a-dia. Seja ouvindo o associado em nossa sede ou indo ao local de trabalho de cada um. Sabemos que não conseguimos fazer tudo o que gostaríamos. Às vezes a burocracia nos consome, as infindáveis reuniões de diretoria nos atrasam e nos prendem mais do que deveriam dentro da nossa sede. Quando isso acontece, e acabamos por nos distanciar mais tempo que o admissível, a base nos dá um “puxão de orelha”, lembrando que nossa prioridade deve ser estar dentro de cada local de trabalho, ao lado de cada trabalhador. Contornamos esta falta tentando fazer com que diretores e apoiadores da direção estejam, individualmente, buscando sugestões, ouvindo os problemas em cada unidade aonde trabalham na UFPel e nos colocando a par da demanda de cada setor.
De certo cometemos erros. Assim como a Administração também os comete. Às vezes, somos surpreendidos por ações que nos fazem pensar o papel que temos tentado desempenhar. Um exemplo disso foi a tão comentada moção de repúdio aprovada em assembléia contra nosso sindicato. Confesso que são atitudes inconcebíveis para aqueles que tanto prezam a estrutura sindical, mas que, de certa maneira, nos obriga ao questionamento. Será que a condução das questões de interesse do coletivo está correta? O que leva algumas pessoas terem tanta facilidade em negar aqueles que as representam e serem tão condescendentes em relação a atitudes promovidas por uma Administração que as oprime? Sabemos que alguns colegas nos apóiam pelos mesmos motivos que outros nos detestam. É o preço a pagar por mostrar a cara, se expor e se impor quando necessário. Ficou claro que nem a direção da ASUFPel nem seus apoiadores são reféns de pessoas que se utilizam das assembléias em prol da obtenção de vantagens pessoais. Nossa categoria demonstrou que não escuta o discurso agressivo e sem argumentos despejado por alguns. Não acredita em mentiras e, tampouco, quer escutá-las.
Esta eleição pouco mudará nossa representação dentro de um Conselho cuja estrutura não nos favorece. Mas é importante demarcarmos nosso espaço. Precisamos ter claro que, até onde for possível, caminharemos juntos com a Administração da UFPel. E se tiver que ser um curto caminho, paciência. Entendemos que o desejo de todos nós é o crescimento da UFPel com o compromisso de mantermos a qualidade do ensino, pesquisa e extensão.
Aqui deixamos um apelo a todo trabalhador da UFPel. Queremos que nossa sede esteja cada dia mais povoada de pessoas e de idéias. Cada um com sua opinião, discutindo, brigando e fazendo as pazes na mesma hora, pois é isto que acontece entre nós. Rogamos que não percamos nunca este vínculo. O sindicato é uma representação conquistada a duras penas. Temos que lutar por ele, preservá-lo, ocupá-lo. Participem sempre. Seja comparecendo as assembléias, acessando nosso blog, ou mesmo vindo conversar informalmente na sede que é de todos nós. Agradecemos a todos, com o coração muito aberto, que depositaram o seu voto de confiança em nós. Um forte abraço em cada um de vocês.

(Escrito pelas duplas apoiadas pela ASUFPel que concorreram ao CONSUN- biênio 2009/2011)